Carbono azul tem potencial de mitigar crise climática, diz Aiea
Agência Internacional de Energia Atômica avalia taxas de sequestro de carbono em áreas de vegetação costeira; ecossistemas podem remover excesso do gás da atmosfera e armazená-lo por milhares de anos; habitats naturais oceânicos também protegem a costa de erosão, impactos de tempestades e aumento do nível do mar.
Na medida em que os países buscam formas de mitigar e se adaptar às mudanças climáticas, a Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, defende que os ecossistemas de carbono azul têm um grande potencial a ser explorado.
Este termo refere-se ao carbono orgânico capturado e armazenado pelo oceano em ecossistemas costeiros com vegetação, como florestas de mangue, pântanos salgados ou prados de ervas marinhas.
Perda de habitat costeiro
Esses habitats oceânicos estão espalhados ao longo de litorais e podem ser encontrados em todos os continentes, exceto na Antártida. Eles cobrem aproximadamente 50 milhões de hectares, um território quase o dobro do tamanho do Reino Unido.
O carbono azul pode ajudar a combater as mudanças climáticas, removendo o excesso de CO2 da atmosfera armazenando-o por centenas ou milhares de anos.
No entanto, essa mesma capacidade de sequestrar carbono torna imperioso que esses ecossistemas sejam protegidos e preservados, pois quando danificados, o carbono anteriormente armazenado é liberado, levando a mais impactos negativos.
A Aiea aponta que a capacidade dos ecossistemas de carbono azul de sequestrar carbono foi drasticamente reduzida nos últimos 70 anos como resultado do desenvolvimento costeiro insustentável, desmatamento, poluição ambiental e outras atividades destrutivas.
Nos últimos 50 anos, a área coberta por habitat costeiro com vegetação encolheu entre 25% e 50%.
Pesquisas com técnicas nucleares
A agência está envolvida em projetos para avaliar as taxas de sequestro de carbono em áreas costeiras com vegetação e para ajudar na coleta de dados em mais de 40 países.
Os sedimentos que se acumulam nas ervas marinhas, manguezais e pântanos podem ser analisados para ajudar a indicar mudanças no ambiente ao longo de períodos, desde os últimos anos até milhões de anos atrás.
Os Laboratórios de Meio Ambiente Marinho da Aiea aplicam técnicas nucleares e isotópicas para entender melhor o ciclo do carbono e avaliar a capacidade potencial dos ecossistemas costeiros de armazenar o gás.
As pesquisas se concentram também na perda da biodiversidade, na acidificação dos oceanos e no acúmulo de poluentes nos ecossistemas marinhos.
Proteção contra erosão e aumento do nível do mar
A Aiea também apoia países de regiões como Europa, Ásia-Pacífico, América Latina, Caribe e África para treinar cientistas e desenvolver capacidade para medir com precisão as taxas de sequestro de CO2 em ecossistemas de carbono azul.
Além de capturar e armazenar o gás em seus sedimentos, esses ecossistemas costeiros também desempenham um papel importante na proteção das costas contra a erosão e na redução dos impactos das tempestades e do aumento do nível do mar.
A vegetação que cresce nas áreas costeiras pode ajudar a melhorar a qualidade da água, filtrando os poluentes, apoiar a biodiversidade, fornecendo habitat para uma variedade de espécies, além de servir como viveiro para peixes e mariscos.
Um planeta mais saudável
Esses fatores mostram como os ecossistemas costeiros com vegetação ajudam a tornar as pessoas e comunidades mais resilientes diante das mudanças do clima e eventos climáticos severos.
Em parceria com os Estados-membros, a Aiea avalia os potenciais impactos ambientais e socioeconômicos das alterações nos ecossistemas e as implicações para a segurança alimentar.
Segundo a agência, proteger essas áreas significa ter litorais, ecossistemas e o planeta mais saudáveis.