Ciclos e mudanças

Segundo a Teoria dos Setênios, a vida estaria organizada em ciclos de 7 em 7 anos.
Meu ciclo atual revela o momento de viver em essência e autenticidade. E confesso que me sinto alinhada com essas duas palavras. Viver em essência permite esse buscar interior, que nos resgata da superficialidade do mundo. Os valores internos não têm preço e saber quais os que norteiam nossa existência é de grande valia.
Já a autenticidade está em viver a sua verdade. Orgulhar-se da sua trajetória. Não se esconder. Viver a delícia de ser quem se é.
Minha vida, contrariando a teoria ou a complementando, tem se renovado a cada década. Pode parecer óbvio, mas tem pessoas num loop temporal que vivem do mesmo jeito em todas as fases, estagnadas, sem perspectivas e sem aprendizagem.
Esse ano completei 4 décadas e minha mãe celebrou 7 décadas. Números acumulados na linha da vida… Gabi, a primeira e, fugindo da vida, faz 1 década que meu pai faleceu. Ciclos se iniciaram com o nascimento e se encerraram com a morte. Nessa linha do tempo, tantas transformações aconteceram e me prepararam para um entendimento que talvez hoje não faça sentido.
A vida nos prepara para o que virá, como aquela mãe paciente, contendo os danos, guiando e, ao mesmo tempo, dizendo que temos escolhas.
Eu escolhi ter um dia de saudades, mas não um dia triste. Eu decidi ressignificar ao invés de procurar os “porquês”. Eu decidi sentir sem esconder. Eu decidi escrever e não calar. Porque as palavras nasceram para a liberdade, sejam faladas ou escritas, elas promovem transformações.
Enfim, escrevo para dizer que com 7 ou 10 anos, a vida se renova todos os dias. Que aproveitemos a jornada, as pessoas, os momentos, as oportunidades e as circunstâncias. Hoje minha saudade é doce. A cada ano me responsabilizo por transformar a dor em doces lembranças. Precisei de uma década, não para sentir menos, mas para sentir e não me machucar. Porque enquanto os sentimentos que dedicamos as pessoas continuarem pulsando em nossos corações, as pessoas que amamos continuarão vivas em nós.