Um chamado urgente para a paz global

Em 11 de outubro de 2024, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, proferiu uma declaração contundente: “A única maneira de eliminar a ameaça das armas nucleares é eliminá-las completamente.” Essa afirmação foi feita em resposta à concessão do Prêmio Nobel da Paz à organização japonesa Nihon Hidankyo, composta por sobreviventes das bombas atômicas lançadas em Hiroshima e Nagasaki.
A Nihon Hidankyo, fundada em 1956, tem como missão a abolição total das armas nucleares, baseando-se nos testemunhos dos hibakusha—termo japonês que designa os sobreviventes dos bombardeios atômicos. A organização recebeu o Nobel da Paz por seus esforços incansáveis em promover um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar, através de relatos pessoais, que tais armas nunca mais devem ser utilizadas.
Guterres enfatizou que os hibakusha são “testemunhas abnegadas e garantes da memória do terrível custo humano das armas nucleares.” Ele ressaltou que “a ameaça nuclear não está confinada aos livros de História” e que “as armas nucleares continuam a ser um perigo claro e presente para a humanidade.”
A posição de Guterres reflete uma preocupação crescente com a retórica nuclear nas relações internacionais contemporâneas. Em 26 de setembro de 2023, durante o Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares, ele afirmou que “a única forma de eliminar o perigo nuclear é eliminando as armas nucleares.” Guterres instou os Estados detentores de arsenais nucleares a liderarem esforços de desarmamento e a se comprometerem a nunca utilizar tais armas.
A história das armas nucleares remonta à Segunda Guerra Mundial, com os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945, resultando em devastação sem precedentes e na morte de centenas de milhares de pessoas. Desde então, a comunidade internacional tem buscado mecanismos para prevenir a proliferação e promover o desarmamento nuclear. O Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), em vigor desde 1970, é um dos pilares desses esforços, visando impedir a disseminação de armas nucleares e promover o desarmamento.
No entanto, apesar dos avanços, desafios persistem. A modernização de arsenais nucleares por algumas nações e a ausência de progressos significativos em negociações de desarmamento têm sido motivos de preocupação. Guterres alertou que “a desconfiança e a competição geopolíticas fizeram com que o atual risco nuclear disparasse aos níveis da Guerra Fria.”
A atribuição do Nobel da Paz à Nihon Hidankyo destaca a importância de ouvir as vozes daqueles que vivenciaram os horrores das armas nucleares. Seus testemunhos servem como lembretes poderosos da necessidade urgente de eliminar essas armas de destruição em massa. Como afirmou Guterres, “é tempo de os líderes mundiais serem tão clarividentes como os hibakusha e verem as armas nucleares pelo que são: máquinas de morte que não oferecem qualquer segurança ou proteção.”
A comunidade internacional enfrenta, portanto, o desafio de transformar essa visão em realidade, por meio de compromissos concretos e ações coordenadas que visem a eliminação total das armas nucleares, garantindo um futuro mais seguro e pacífico para as próximas gerações.