12/03/2025

Mercado financeiro ajusta projeções para 2025

 Com a virada do ano e a chegada de novos dados econômicos, o mercado financeiro revisa suas projeções para 2025, levando em conta uma série de fatores que combinam desafios internacionais e peculiaridades do cenário doméstico. Entre as variáveis que guiam as expectativas estão a política monetária dos grandes bancos centrais, as perspectivas de crescimento das principais economias, o comportamento dos preços de commodities e as decisões do governo brasileiro em áreas fiscais e tributárias.

No âmbito internacional, as projeções para 2025 continuam a refletir as incertezas ligadas às políticas monetárias dos bancos centrais, especialmente o Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos e o Banco Central Europeu (BCE). Embora a inflação nas economias avançadas tenha mostrado sinais de arrefecimento ao longo de 2024, a possibilidade de manutenção de taxas de juros elevadas segue no radar dos investidores.

O presidente do Fed, Jerome Powell, tem reiterado que a política monetária será guiada pelos dados, mantendo aberta a possibilidade de ajustes adicionais caso a inflação volte a subir. Esse cenário impacta diretamente os mercados emergentes, como o Brasil, ao influenciar os fluxos de capital global e a valorização de moedas locais frente ao dólar.

Além disso, a desaceleração da economia chinesa adiciona um componente de incerteza. Como principal parceiro comercial do Brasil, a China tem um papel fundamental na dinâmica das exportações brasileiras, especialmente de commodities como minério de ferro e soja. A revisão do crescimento chinês para patamares mais modestos, em torno de 4,5% a 5%, tem levado a ajustes nas expectativas para os preços dessas commodities em 2025.

No Brasil, o ambiente econômico para 2025 será marcado pela continuidade do debate em torno da sustentabilidade fiscal e pelo impacto das reformas aprovadas em 2024, como a tributária. A equipe econômica do governo enfrenta o desafio de equilibrar a necessidade de estimular o crescimento com a manutenção de um arcabouço fiscal responsável.

As projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2025 têm oscilado entre 1,8% e 2,3%, refletindo um cenário de recuperação moderada, puxado pelo setor de serviços e pela retomada do consumo das famílias. Contudo, o mercado mantém cautela diante de possíveis mudanças no texto da reforma tributária, que ainda depende de regulamentações e, possivelmente, de vetos presidenciais.

A inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve continuar sua trajetória de convergência para o centro da meta de 3%, mas os analistas alertam que choques de oferta, como variações nos preços de combustíveis ou alimentos, podem introduzir volatilidade. O Banco Central, sob a presidência de Roberto Campos Neto, deve manter a taxa Selic em patamares mais baixos, com projeções de fechamento do ano entre 9% e 9,5%, visando impulsionar a atividade econômica.

No mercado de capitais, o IBOVESPA encerrou 2024 próximo aos 115 mil pontos e enfrenta um início de ano marcado por volatilidade, reflexo das incertezas externas e domésticas. Setores como energia, agronegócio e tecnologia têm se destacado como os mais promissores, enquanto as ações de varejo seguem pressionadas pela fragilidade do consumo interno.

O mercado cambial, por sua vez, deve continuar sensível às decisões de política monetária nos Estados Unidos e à evolução do risco fiscal no Brasil. O dólar, que terminou 2024 cotado em torno de R$ 5,10, pode oscilar entre R$ 4,80 e R$ 5,30 ao longo do ano, dependendo do fluxo de capitais e da percepção de risco político e econômico.

Analistas recomendam uma abordagem cautelosa para 2025, com foco em ativos defensivos e diversificação internacional. No mercado doméstico, os investimentos em renda fixa permanecem atrativos, especialmente diante de taxas reais de juros ainda elevadas. Já no mercado de ações, a aposta em setores resilientes, como infraestrutura e energia renovável, pode oferecer boas oportunidades de retorno no médio prazo.

“2025 será um ano de transição, com mercados ajustando expectativas a um novo equilíbrio global e às condições locais. Para os investidores, a chave será encontrar ativos que combinem solidez com potencial de valorização em um cenário de volatilidade controlada”, destacou Mariana Gonçalves, estrategista de investimentos de uma gestora de patrimônio.

O ano de 2025 começa com ajustes de expectativas no mercado financeiro, refletindo um ambiente de incerteza, mas também de oportunidades. No cenário global, a condução da política monetária pelos grandes bancos centrais será determinante, enquanto no Brasil, o sucesso das reformas e a estabilidade fiscal ditarão os rumos da economia.

Para os investidores, o momento exige cautela, mas também visão estratégica, aproveitando as oportunidades que surgem em meio a um ambiente desafiador e em transformação.