21/12/2024

OMS alerta que mudança climática torna Dengue uma ameaça para a saúde global

O mosquito aedes aegypti transmite o zika, além da dengue e da chikungunya

 

Propagação da doença atinge agora regiões antes não afetadas; surtos foram observados no Afeganistão, Paquistão, Sudão, Somália e Iêmen; transmissão local passa a ocorrer em países como França, Itália e Espanha; mudanças climáticas em chuvas, umidade e temperatura favorecem proliferação do vetor. 

 

O surpreendente aumento nas infecções por dengue em todo o mundo em 2023 representa uma ameaça potencialmente elevada à saúde pública, disse a Organização Mundial da Saúde, OMS, nesta sexta-feira.

A agência relatou mais de 5 milhões de infecções por dengue e 5 mil mortes este ano em todo o mundo, sendo quase 80% nas Américas, Sudeste Asiático e Pacífico Ocidental.

Aumento de infecções pelo aquecimento global

Em conversa com jornalistas em Genebra, a líder da equipe da OMS sobre arbovírus, Diana Rojas Alvarez, disse que a ameaça exige “a máxima atenção e resposta em todos os níveis”.

Segundo Alvarez, “as mudanças climáticas têm impacto na transmissão da dengue porque aumentam as chuvas, a umidade e a temperatura”. Perante o alerta, a OMS declarou estar pronta para apoiar os países no controle dos atuais surtos de dengue e na preparação para a próxima temporada de casos.

A dengue é a mais comum das infecções virais transmitidas por mosquitos infectados. Ela é encontrada principalmente em áreas urbanas em locais com climas tropicais e subtropicais.

O aumento do número de casos notificados de dengue em mais países ocorre pois os mosquitos infectados prosperarem agora em novos locais devido ao aquecimento global.

As alterações climáticas são um dos factores de risco que impulsionam o aumento de certas infecções
Unicef/Alfredo Zuniga
As alterações climáticas são um dos factores de risco que impulsionam o aumento de certas infecções

Sinais de alerta

Embora 4 bilhões de pessoas estejam em risco de contrair dengue, a maioria dos infectados não apresenta sintomas e normalmente se recupera dentro de uma a duas semanas.

No entanto, as infecções graves por dengue são marcadas por choque, sangramento grave ou comprometimento de órgãos, segundo a OMS.

A especialista da OMS também destacou que estes sintomas perigosos muitas vezes começam “depois que a febre passa”, pegando profissionais de saúde desprevenidos.

Os sinais de alerta a serem observados incluem dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramento nas gengivas, acúmulo de líquidos, letargia, inquietação e aumento do fígado.

Como não existe tratamento específico para a dengue, a detecção precoce e o acesso a cuidados médicos adequados são cruciais para diminuir a probabilidade de morte devido à forma grave da doença.

Casos e surtos em países antes livres da doença

Diana Rojas Alvarez acrescentou que “é também preocupante que surtos de dengue estejam ocorrendo em países frágeis e afetados por conflitos na região do Mediterrâneo Oriental, como Afeganistão, Paquistão, Sudão, Somália e Iêmen”.

A prevalência global de mosquitos mudou nos últimos anos devido ao fenômeno El Niño de 2023, que acentuou os efeitos do aquecimento global das temperaturas e das alterações climáticas, disse a OMS.

Ambos os fatores estão associados ao fato de países anteriormente livres de dengue, como França, Itália e Espanha, reportarem casos de infecções originadas no país, a chamada transmissão autóctone, e não no estrangeiro.

O vetor da doença é o mosquito Aedes aegypti, que está amplamente distribuído na Europa.

Diana Rojas Alvarez lembrou que normalmente, a Europa relata “casos importados” das regiões endémicas”, mas este ano foram identificados conjuntos de casos relacionados com transmissão local, inclusive porque “os verões estão cada vez mais quentes”.

Fonte: ONU News