Lula propõe ampla revisão da Carta da ONU na abertura da Assembleia Geral

Em seu discurso na abertura do debate de alto nível da Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira, o presidente do Brasil afirmou que o mundo não pode esperar por outra tragédia mundial, como a Segunda Grande Guerra, “para só então construir sobre os seus escombros uma nova governança global”.
Luiz Inácio Lula da Silva lembrou que prestes a completar 80 anos, a Carta das Nações Unidas nunca passou por uma reforma abrangente e apenas quatro emendas foram aprovadas, todas elas entre 1965 e 1973. Ele propôs “enorme esforço de negociação” para que uma revisão abrangente seja feita.
“É hora de agir com vigor”
“Estamos chegando ao final do primeiro quarto do século 21 com as Nações Unidas cada vez mais esvaziada e paralisada. É hora de reagir com vigor a essa situação, restituindo à organização as prerrogativas que decorrem da sua condição de foro universal. Não bastam ajustes pontuais. Precisamos contemplar uma ampla revisão da Carta”.
Dentre as prioridades apresentadas pelo líder brasileiro estão a transformação do Conselho Econômico e Social no principal foro para o tratamento do desenvolvimento sustentável e do combate à mudança climática, “com capacidade real de inspirar as instituições financeiras”.
Ele defendeu ainda a revitalização do papel da Assembleia Geral, inclusive em temas de paz e segurança internacionais, e a reforma do Conselho de Segurança, “com foco em sua composição, métodos de trabalho e direito de veto”. O presidente adicionou que a exclusão da América Latina e da África de assentos permanentes no Conselho de Segurança é um “eco inaceitável de práticas de dominação do passado colonial”.
Para Lula, “a versão atual da Carta não trata de alguns dos desafios mais prementes da humanidade”. Ele declarou que o Brasil irá promover essa discussão de forma transparente em consultas em blocos políticos como G77, G20, BRICS entre outros.