O último mês do ano
E dezembro chegou…
Trazendo consigo uma pressa por avaliação.
Por verificar quantos pontos fizemos em 2023. A tal da retrospectiva.
Consegui realizar as metas com as quais me comprometi?
O que houve? O que me tirou da estrada antes da chegada?
Parece fraqueza? Não.
Talvez seja interessante usar a franqueza. E sendo realmente franca a vida não segue exatamente os nossos rabiscos.
A vida tem vontade própria e geralmente sua vontade não coincide com a nossa.
Ela joga.
Tem mão e vez.
E mesmo que eu tivesse um Straight Flush em mãos, e a vitória estivesse logo ali, ela pode, sem qualquer cerimônia, mudar o jogo.
Que tal fazer uma revisão? Recolher-se. Ser mais gentil com o que lhe aconteceu.
Colocar novas palavras e deixar que elas substituam seus descaminhos. Deixar que as palavras contem novas histórias de você.
Não tive êxito no processo porque perdi o prazo.
Vamos reescrever?
Vou construir uma organização pessoal que me permita cumprir prazos antes da data, para que infortúnios não aconteçam.
É dizer a si mesmo, que a derrota sopra o vento do aprendizado.
O que eu posso fazer com o que me aconteceu?
Resiliência.
Coragem.
Franqueza.
Cadê sua lista?
O que na sua lista de conquistas não foi realizado?
Por que não rasgar a lista?
Por que não apagá-la do aplicativo?
Seria justo escrever o que lhe aconteceu. Seria um excelente exercício revisitar os momentos que lhe exigiram coragem.
Lembra aquele dia que você teve que ser forte? Colocou sua dor no bolso e foi. Lembra?
Recorde daquele dia que você riu de si e não se tornou uma vítima da situação.
E quando você abraçou seu amigo e lhe falou algo que não o deixou desistir?
Sabe aquele dia que você chorou compulsivamente pensando que não havia solução, mas houve.
E na festa que você dançou e não se preocupou com as opiniões, foi apenas você.
Foi livre. Foi espontâneo.
Talvez sua lista de metas deva ser substituída por uma lista de memórias da vida.
Qual o dia que fui mais feliz?
Quando fui mais ridículo? Aquele mico?
Que dia achei que seria o último naquele lugar, naquele trabalho, com aquela pessoa, mas era só uma pausa para ver o que eu realmente queria?
O que aconteceu nas vésperas dos grandes acontecimentos do meu ano?
Quais os aprendizados mais significativos?
Deixei espaço para a espontaneidade?
Fui humano e gentil? Fui melhor do que quem eu era ano passado? Repeti erros? Quem eu perdi ou se perdeu de mim?
Como é que está a sua lista?
Que tal ao invés de riscar o que você cumpriu, você escrever e recordar o que viveu?
Que tal não tentar prever como será, mas deixar espaço para o ordinário lhe surpreender?
Que tal escrever a sua história? Dessa vez ipsis litteris, com todos os detalhes, e se parabenizando pelo que você aprendeu e cresceu.
Solte o tabuleiro.
Coloque as cartas na mesa.
Acho que está na hora de deixar a vida jogar.
Solte.
Você não tem controle.
Abra-se para a espontaneidade.
Escreva no seu caderno: vida me surpreenda.
É uma lista mais justa.
Solte. Agora é a hora e a vez da vida jogar.
Que dezembro lhe surpreenda.