14/03/2025

Proposta de cessar-fogo dos EUA é rejeitada por Putin

Em meio a um dos conflitos mais prolongados e devastadores da Europa moderna, uma proposta de cessar-fogo apresentada pelos Estados Unidos foi categoricamente rejeitada pelo presidente russo, Vladimir Putin. A iniciativa, que visava abrir caminho para negociações de paz e aliviar a crise humanitária na Ucrânia, foi considerada “insuficiente” e “desconectada da realidade” pelo Kremlin, aprofundando ainda mais as tensões entre as potências globais.

A proposta norte-americana, elaborada em conjunto com aliados da OTAN e apresentada na semana passada, previa um cessar-fogo imediato, a retirada de tropas russas das áreas ocupadas na Ucrânia e a criação de corredores humanitários para facilitar a distribuição de ajuda internacional. Além disso, o plano incluía a convocação de uma conferência internacional de paz, com a participação de representantes de ambos os lados, para discutir um acordo político de longo prazo.

No entanto, em um discurso transmitido pela televisão estatal russa, Putin descartou a proposta, afirmando que a Rússia não pode aceitar um cessar-fogo que não leve em consideração suas “preocupações de segurança estratégica”. O líder russo reiterou que a operação militar na Ucrânia é uma “medida defensiva” contra a expansão da OTAN e a ameaça à soberania russa, argumentos que têm sido repetidamente rejeitados pela comunidade internacional.

“Os Estados Unidos e seus aliados continuam a ignorar as raízes deste conflito. A segurança da Rússia não é negociável”, declarou Putin. “Não podemos aceitar um cessar-fogo que nos deixe vulneráveis a novas ameaças. A Ucrânia deve reconhecer a realidade geopolítica atual.”

A rejeição de Putin foi recebida com frustração e preocupação por líderes ocidentais. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, classificou a decisão como “um golpe contra a paz” e acusou o Kremlin de prolongar o sofrimento do povo ucraniano. “A Rússia tem a oportunidade de acabar com essa guerra, mas escolheu continuar no caminho da destruição”, disse Biden em um comunicado.

A União Europeia também expressou seu desapontamento, com o alto representante para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, afirmando que a rejeição de Putin “mostra uma falta de vontade genuína de resolver o conflito de forma pacífica”. Borrell destacou que a UE continuará a apoiar a Ucrânia com ajuda militar, financeira e humanitária.

Por outro lado, alguns analistas sugerem que a proposta dos EUA, embora bem-intencionada, pode não ter levado em consideração as demandas mínimas da Rússia para um acordo. “Putin não aceitará nada que não inclua garantias de que a Ucrânia não se juntará à OTAN ou que não se tornará uma base para ameaças à segurança russa”, explicou Tatiana Stanovaya, analista política do Carnegie Moscow Center. “Sem isso, qualquer proposta de paz será vista como inaceitável.”

Enquanto as negociações diplomáticas permanecem estagnadas, a situação no terreno continua crítica. Cidades ucranianas como Kharkiv, Mariupol e Odessa enfrentam bombardeios diários, com infraestrutura civil destruída e milhares de deslocados. A ONU estima que mais de 10 milhões de ucranianos foram forçados a deixar suas casas desde o início do conflito, em fevereiro de 2022.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que inicialmente acolheu a proposta de cessar-fogo dos EUA, expressou sua decepção com a rejeição russa. “Putin não quer paz. Ele quer mais sangue, mais destruição”, disse Zelensky em um discurso transmitido pelas redes sociais. “Mas nós, o povo ucraniano, não vamos desistir. Continuaremos a lutar pela nossa liberdade e pela nossa sobrevivência.”

A rejeição da proposta de cessar-fogo pelos EUA levanta questões sobre o futuro do conflito. Especialistas alertam que, sem um acordo diplomático, a guerra pode se prolongar por anos, com consequências catastróficas para a região e para a estabilidade global. “Estamos entrando em uma fase perigosa, onde a escalada militar pode se tornar ainda mais intensa”, afirmou Michael Kofman, diretor do Programa de Estudos Russos no CNA, um think tank com sede em Washington.

Enquanto isso, a comunidade internacional continua a pressionar por uma solução pacífica. O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu que todas as partes “demonstrem flexibilidade e compromisso com a paz”. No entanto, com as posições de Moscou e Kiev aparentemente irreconciliáveis, o caminho para o fim da guerra parece cada vez mais incerto.

Enquanto o mundo observa com apreensão, milhões de ucranianos continuam a pagar o preço mais alto por um conflito que já dura mais de três anos. A esperança por um cessar-fogo, embora desvanecida, permanece viva, mas a realidade no terreno sugere que a paz ainda está longe de ser alcançada.