12/03/2025

Reaparecimento do maior mamífero terrestre da América do Sul

O tapir sul-americano (Tapirus terrestris), maior mamífero terrestre da América do Sul, foi recentemente avistado na região da Costa Verde, no estado do Rio de Janeiro, após um intervalo de mais de 100 anos sem registros confirmados na área. O evento foi considerado histórico por especialistas em ecologia e conservação da biodiversidade, uma vez que a espécie havia sido considerada extinta localmente devido à pressão exercida por atividades humanas, como a caça e o desmatamento.

Registros e monitoramento

A descoberta foi realizada por pesquisadores do Instituto Estadual de Meio Ambiente do Rio de Janeiro (INEA), que conduzem estudos na região do Parque Estadual Cunhambebe, uma área de Mata Atlântica rica em biodiversidade. Imagens capturadas por armadilhas fotográficas revelaram a presença de três indivíduos: um macho adulto, uma fêmea e sua cria. Este último registro é especialmente significativo, pois indica que a população é reprodutiva, o que abre perspectivas para a recuperação da espécie na região.

Importância ecológica

Os tapires desempenham um papel fundamental nos ecossistemas onde vivem. Conhecidos como “engenheiros da floresta”, eles atuam como dispersores de sementes, contribuindo para a manutenção da diversidade vegetal e a estruturação das florestas tropicais. Além disso, sua presença é considerada um indicativo de qualidade ambiental, dado que demandam áreas extensas e preservadas para sua sobrevivência.

Ameaças históricas e contemporâneas

Ao longo do século XX, a população de tapires enfrentou um declínio acentuado em razão de pressões antrópicas, como a expansião urbana, a conversão de florestas em terras agrícolas e a caça predatória. Embora o reaparecimento do tapir na Costa Verde seja uma notícia alentadora, as ameaças persistem. Entre os principais desafios atuais estão o desmatamento ilegal, a fragmentação de habitats e o aumento das interações negativas entre humanos e fauna silvestre.

Esforços de conservação

A retomada de populações locais de tapir é atribuída a iniciativas de conservação, como a criação e o manejo de áreas protegidas, programas de restauração florestal e atividades de educação ambiental junto às comunidades locais. O Parque Estadual Cunhambebe tem se destacado como um exemplo de gestão integrada, promovendo a preservação da fauna e flora nativas enquanto fomenta o ecoturismo como alternativa sustentável para a região.

Perspectivas futuras

Os especialistas enfatizam que, para garantir a sobrevivência do tapir e de outras espécies ameaçadas, é essencial intensificar os esforços de fiscalização ambiental, implementar corredores ecológicos que conectem fragmentos florestais e ampliar as parcerias entre governos, organizações não governamentais e comunidades locais.

O reaparecimento do tapir sul-americano na Costa Verde destaca a resiliência da biodiversidade e o potencial de recuperação ambiental quando as condições necessárias são asseguradas. Este marco também reforça a importância de políticas públicas voltadas à conservação e à valorização dos recursos naturais do Brasil.