12/03/2025

As companhias aéreas Azul e Gol anunciaram nesta quarta-feira (15) a assinatura de um memorando de entendimento que visa à fusão de suas operações, sujeita à aprovação dos órgãos reguladores brasileiros, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A expectativa é que o processo de aprovação leve cerca de um ano, permitindo o início das operações conjuntas em 2026.

A união das duas empresas resultará em uma participação de mais de 60% no mercado doméstico de passageiros, consolidando uma posição dominante na aviação brasileira. John Rodgerson, atual CEO da Azul, que assumirá a liderança do novo grupo, afirmou que discutiu a operação com o presidente Lula há aproximadamente oito meses, recebendo apoio para a criação de uma empresa nacional robusta.

Apesar da elevada concentração de mercado, Rodgerson argumenta que não se trata de um impeditivo, citando que a Latam possui participações similares no Chile e em determinados destinos no Brasil. No entanto, a concretização do negócio depende de várias condições, incluindo a conclusão do processo de recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos, conhecido como Chapter 11, essencial para a redução do endividamento da companhia.

O memorando estabelece que a alavancagem combinada das duas empresas não poderá exceder a da Gol após a renegociação com os credores, estimada em quatro vezes o EBITDA (lucro antes de impostos, tributos, depreciação e amortizações). Caso esse parâmetro não seja atingido, a fusão não será efetivada.

Em termos de participação acionária, embora a intenção seja uma divisão equilibrada, as dificuldades financeiras da Gol implicam que ela detenha, no mínimo, 10% das ações da nova empresa, percentual que dependerá do capital resultante após a recuperação nos EUA. O modelo de governança prevê que o CEO seja indicado pela Azul, enquanto a presidência do conselho de administração ficará a cargo da Abra Group, holding que controla a Gol e a Avianca. O conselho será composto por nove membros: três indicados pela Azul, três pela Gol e três independentes.

Apesar da fusão, as marcas Azul e Gol continuarão operando separadamente, com possibilidade de compartilhamento de aeronaves e aumento da conectividade entre destinos. Espera-se que a Azul continue adquirindo aeronaves da Embraer, aproveitando sinergias em voos internacionais e ampliando a oferta de rotas para os consumidores.