Unicef promove ação para baixar taxa de bebês prematuros em Moçambique
Agência defende acesso a cuidados adequados e em tempo útil; risco de crianças nascidas antes das 37 semanas de gestação perderem a vida aumenta nos primeiros dias em relação às que nascem após esse período.
A prematuridade em Moçambique é uma das maiores causas de mortalidade neonatal e de menores de cinco anos. Em cada 100 crianças, 16 são prematuras e 45% das mulheres em idade reprodutiva levam mais de uma hora para chegar a uma unidade de saúde.
O Fundo das Nações Unidas para Infância, Unicef, tem promovido a realização de consultas pré-natais após suspeita de gravidez para evitar casos de prematuridade.
Morte de bebês nascidos prematuramente
A agência considera a prevenção de mortes de bebês nascidos prematuramente como um dos principais desafios para muitos países, nomeadamente os de média e baixa renda, e em episódios de emergência humanitária.
A ONU News em Maputo conversou com especialista em Saúde no Unicef, Benilde Soares, sobre a questão que diz ser uma das maiores causas de morte neonatal e de menores de cinco anos, mesmo sendo evitável.
“Lembrar que a prematuridade pode ser evitada se a gravidez for planificada e assegurada para que ela aconteça num corpo maduro, saudável e devidamente preparado. A gravidez na adolescência é o contribuidor da prematuridade e Moçambique é um dos países com elevada taxa na adolescência. O outro fato a frequência com que as consultas pré-natais são feitas e a qualidade destas consultas, ou seja, é importante começar a fazer a consulta pré-natal logo que a mulher suspeite que esteja grávida.”
Oferta de suplementos
Para Benilde Soares, estas práticas ajudam a salvar vidas. Uma vez identificadas todas as condições que põem em risco o sucesso da gravidez é fácil oferecer todos os suplementos que a mulher grávida e o bebê precisam.
“A prematuridade é uma das maiores causas de mortalidade neonatal e de menores de cinco anos. Moçambique e um dos países com mais alta taxa de prematuridade no mundo. A taxa situa-se em 16,8 por 100 nascidos vivos. Se no mundo em cada 10 crianças nascidas uma é prematura, em Moçambique em cada 100 crianças, 16 são prematuras.”
Esta questão que afeta famílias de todo o mundo concentra maior número de casos na Ásia e África Subsaariana. Neste ano, a intervenção global contra a prematuridade lembra aos países da necessidade de compromisso para aumentar o acesso e os cuidados neonatais em comunidades, centros de saúde primários e a nível hospitalar.
“Em Moçambique, baseado no último inquérito demográfico de saúde, nós temos cerca de 45% das mulheres em idade reprodutiva, demoram mais de uma hora a chegar a unidade sanitária. Este fato também pesa e funciona como barreira para os bebés prematuros. Acrescido a estes factos, os bebês prematuros muitas vezes precisam de cuidados adicionais que devem ser realizados por pessoal capacitado que nem sempre estão disponíveis em todas as unidades sanitárias.”
Ajuda para começar a respirar
Autoridades de saúde afirmam que um bebê prematuro muitas vezes precisa de ajuda para começar a respirar e para regular a temperatura do corpo. A especialista do Unicef diz que globalmente estão disponíveis métodos que podem salvar vidas.
“Lembro mais uma vez da importância do contato pele a pele logo após ao parto e também da implementação do método mãe canguru que é tão promovida a nível global. São duas pequenas ações de baixo custo mas que salvam vidas.”
O bebê prematuro apresenta um risco de vida mais elevado nos primeiros dias de vida em relação ao bebê normal. Quanto mais cedo nascer, mais graves são os problemas após o nascimento. Os cuidados adequados e em tempo útil podem minimizar as complicações e aumentar a sobrevivência.
*Ouri Pota é o correspondente da ONU News em Maputo.