22/12/2024

COP29: ONU aponta momento de acelerar meta de emissões líquidas zero

No último dia de presença em Baku, Azerbaijão, secretário-geral pediu mais cooperação em encontro com setores extragovernamentais; chefe da ONU defende articulação em planos de transição credíveis e alinhados com a meta de 1,5º C.

Nesta quinta-feira, o secretário-geral da ONU abordou o papel de cidades, regiões, empresas e instituições financeiras rumo a um esforço mundial para alcançar a meta de emissões líquidas zero até meados deste século.

António Guterres enfatizou a necessidade de mais cooperação ao se dirigir em Baku, Azerbaijão, aos representantes dessas áreas em paralelo às negociações da 29ª. Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP29.

Rede zero confiável

Para o líder das Nações Unidas é preciso um enorme esforço global em direção à segurança climática sendo que a prioridade deve ser dada ao apoio a consumidores, investidores e reguladores para se fazer entender que “a rede zero é confiável”.

O discurso realçou ainda o contexto de tragédia humana e da destruição à economia que justifica os esforços para limitar o aumento da temperatura global a 1,5º C.

Guterres defendeu ainda o posicionamento desses atores não estatais destacando que suas “ações e estratégias tomadas desde 2022 estão alinhadas às principais recomendações do relatório da COP27 realizada em Shram-el-Sheikh”, Egito.

Na ocasião foi lançado o documento “A Integridade Importa”, com 10 recomendações sobre a ação em favor de compromissos credíveis e responsáveis ​​de emissões líquidas zero.

Chefe da ONU defende articulação em planos de transição credíveis e alinhados com a meta de 1,5º C
Unfccc/Kiara Worth
Chefe da ONU defende articulação em planos de transição credíveis e alinhados com a meta de 1,5º C

Cooperação

As sugestões destacam que os atores não estatais precisam analisar em cada fase do seu progresso o alcance das ambições de emissões líquidas zero e ainda como enfrentar a crise climática.

O conceito de zero líquido defende o equilíbrio entre a quantidade produzida de gases de efeito estufa e a quantidade retirada da atmosfera. A ONU promove a cooperação entre empresas, instituições financeiras e outras entidades com governos.

Guterres agradeceu a liderança dos representantes não estatais nos esforços globais rumo ao objetivo líquido zero, mas destacou que agora outros devem seguir o exemplo.

Em primeiro lugar, ele recomendou que os planos de transição desses setores sejam robustos e responsáveis ​​até a COP30 do próximo ano.  O líder da ONU disse que é preciso traçar um rumo para emissões líquidas zero até 2050, através de marcos nos períodos de 2025, 2030, 2035 e em diante.

Compromisso com a descarbonização profunda

Para Guterres, estes pontos devem guiar a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis com base na ciência.

Outra recomendação é que sejam divulgadas políticas sobre atividades de grupos de interesse, além de um maior envolvimento político e um compromisso com a “descarbonização profunda” em toda a cadeia de valor.

Guterres enfatizou que esses planos não devem depender de “compensações duvidosas”, inclusive para as chamadas emissões de Escopo 3, ou indiretas, como as produzidas por bens e serviços, viagens de negócios ou eliminação de resíduos.

O secretário-geral distinguiu o momento atual como sendo “para acelerar e não recuar” nessa direção, e que deve ser marcado pela ambição e transparência.

Um dos apelos do chefe das Nações Unidas é que os compromissos voluntários assumidos por governos passem a ser regras obrigatórias sob o argumento de que o futuro da humanidade está em jogo.

Planos de transição credíveis

Guterres destacou ainda que a atuação “não pode ser opcional” e deve haver uma divulgação de planos de transição credíveis, alinhados com a meta de 1,5º C que deve ser “obrigatória para empresas e instituições financeiras.”

Outro pedido feito às instituições participantes na reunião é que atuem com os governos em planos nacionais de ação climática previstos para a COP30.

A meta é ajudar a garantir segurança política e regulamentar um futuro alinhado com a meta de 1,5º C. O propósito é “garantir que os governos facilitem o trabalho de outros intervenientes a este respeito, e não que compliquem”.