Mais de 10 mil soldados de paz da ONU mantêm suas posições no sul do Líbano
Missão das Nações Unidas é o único canal de comunicação entre as partes em conflito; subsecretário-geral revela existência de planos de contingência e de análises constantes os cenários possíveis; forças de paz apoiam passagem segura da população civil e auxílio humanitário a deslocados.
O subsecretário-geral das Operações de Manutenção de Paz disse nesta quinta-feira que 10.058 soldados de paz da ONU permanecem “unidos e comprometidos” em manter suas posições na Linha Azul, região na fronteira entre Líbano e Israel.
Falando a jornalistas em Nova Iorque, Jean Pierre Lacroix ecoou o apelo do secretário-geral pelo retorno dos envolvidos à mesa de negociações. Ele ressaltou a situação alarmante da escalada da violência no sul do Líbano e o impacto na população civil.
Melhor e pior cenário
Segundo Lacroix, a Força Interina da ONU no Líbano, Unifil, está fazendo o melhor possível para implementar seu mandato, definido pela resolução 1701 do Conselho de Segurança, em “condições muito difíceis”. Ele explicou que planos de contingência já estão prontos e são “constantemente atualizados”.
De acordo com o chefe das missões de paz, esses planos levam em consideração diversos cenários, inclusive o mais positivo, que seria o fim da violência e o papel da ONU nesse caso.
Por outro lado, a possibilidade de deterioração também é levada em conta, inclusive o pior cenário que seria de uma evacuação total das forças de paz.
O subsecretário-geral disse estar em contato constante com os países que contribuem com tropas para a Unifil, ressaltando que a segurança dos soldados da ONU é “prioridade absoluta”. Ele adicionou que proteger as forças de paz é uma responsabilidade de ambos os lados beligerantes.
Único canal de comunicação entre as partes
Lacroix destacou que a Missão de Paz é o único canal de comunicação entre as partes, por meio de um mecanismo de ligação que “permanece essencial”. Ele afirmou também que este mecanismo possibilita prevenir e lidar com incidentes que poderiam potencialmente afetar a segurança dos soldados de paz.
O subsecretário-geral explicou que antes da invasão terrestre iniciada por soldados israelenses essa semana, as Forças de Defesa de Israel, IDF, solicitaram que a Unifil se deslocasse. Após uma análise minuciosa, a missão de paz decidiu manter suas posições no sul do Líbano.
A única alteração definida até o momento foi uma redução de 20% do efetivo alocado em cada posição.
Lacroix considera essencial que haja “vontade política” para implementar a resolução 1701, que constitui um marco para uma solução que é aceita por ambos os lados. Ele ressaltou que a Unifil é “a ferramenta para facilitar o processo de implementação”.
Proteção de civis
O chefe das Operações de Paz adicionou que na reunião realizada ontem no Conselho de Segurança a grande maioria dos membros expressou apoio à missão, o que ele considerou significativo visto que o órgão “está dividido em tantos outros temas”.
Lacroix também comentou o papel da Unifil na proteção da população civil tanto garantindo a passagem segura dos que estão fugindo do sul do Líbano, como apoiando assistência humanitária para os que ficam nas comunidades na região.
Nesse sentido, ele mencionou projetos conjuntos com organizações humanitárias e ONGs locais, abrigos temporários nos postos da ONU para deslocados e o mandato de fazer “todo o possível” para proteger civis que estejam sob risco no fogo cruzado.
O subsecretário-geral disse que, no entanto, muitos movimentos de deslocados estão fora da área de atuação da missão de paz e estão sendo respondidos por outras agências da ONU.