21/12/2024

Agosto Lilás: 18 Anos da Lei Maria da Penha e o Compromisso Contínuo em Defesa das Mulheres

Dra. Erika Verde em encontro com Maria da Penha

Neste mês de agosto, conhecido como Agosto Lilás, celebramos 18 anos de um marco histórico na luta pelos direitos das mulheres no Brasil: a Lei Maria da Penha. Uma legislação que, desde sua promulgação, em 7 de agosto de 2006, tem sido fundamental na proteção de mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. Esta lei, inspirada pela incansável luta da cearense Maria da Penha Maia Fernandes, que sobreviveu a duas tentativas de feminicídio e lutou por justiça, se tornou símbolo de resistência e de combate à violência contra a mulher.

O Judiciário na Defesa dos Direitos das Mulheres

A Lei Maria da Penha não apenas trouxe mais rigor nas punições aos agressores, mas também impulsionou uma série de medidas protetivas e a criação de Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. O Judiciário, ao longo desses 18 anos, tem desempenhado um papel crucial na aplicação e interpretação dessa legislação, garantindo que as mulheres sejam amparadas e protegidas.

Nos últimos anos, observamos uma evolução significativa nas decisões judiciais que envolvem casos de violência contra a mulher. Exemplo disso é o aumento na concessão de medidas protetivas de urgência, que têm sido fundamentais para afastar os agressores e proteger as vítimas. Além disso, a criação de varas especializadas em violência doméstica em várias cidades do país tem possibilitado um tratamento mais célere e humanizado dos processos, garantindo que as vítimas tenham voz e que seus casos sejam tratados com a devida seriedade.

No entanto, apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito. O Brasil continua a enfrentar desafios significativos no combate à violência de gênero, e é essencial que o Judiciário permaneça vigilante e comprometido com a efetiva aplicação da Lei Maria da Penha. É fundamental que os magistrados, promotores e defensores públicos recebam treinamento contínuo e estejam sensibilizados para as questões de gênero, garantindo que as decisões judiciais não reproduzam preconceitos ou estereótipos que possam agravar a situação das vítimas.

O Papel da OAB no Combate à Violência Contra a Mulher

Um avanço importante e recente que merece destaque é a decisão do Conselho Pleno da OAB, que estabelece que indivíduos condenados por violência contra a mulher não poderão se inscrever nos quadros da Ordem. Essa medida é um passo significativo no sentido de garantir que a advocacia brasileira seja exercida por profissionais que respeitem os direitos humanos e que estejam comprometidos com a promoção da justiça.

Essa decisão da OAB é emblemática, pois reforça a mensagem de que a violência contra a mulher é incompatível com o exercício da advocacia, uma profissão que deve estar pautada pela ética, pelo respeito e pela defesa dos direitos fundamentais. Ao impedir a inscrição de agressores nos quadros da Ordem, a OAB contribui para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, onde os direitos das mulheres sejam respeitados e protegidos.

A Luta Continua

Neste Agosto Lilás, ao celebrarmos os 18 anos da Lei Maria da Penha, é importante reconhecermos os avanços conquistados, mas também refletirmos sobre os desafios que ainda persistem. A violência contra a mulher é uma questão que exige a mobilização de toda a sociedade, e cada um de nós tem um papel a desempenhar nessa luta.

Como advogada e mulher, sinto-me honrada em fazer parte dessa batalha diária pela justiça e pela proteção das mulheres. Ao lado de Maria da Penha e de tantas outras guerreiras, continuaremos a lutar para que cada mulher neste país tenha seus direitos garantidos e sua dignidade respeitada. Que o exemplo da Lei Maria da Penha inspire cada vez mais pessoas a se unirem em defesa das mulheres, para que possamos, juntos, construir um Brasil mais seguro e justo para todas.

 

Erika Verde é advogada especializada em Direito do Trabalho e Direitos Humanos, com uma atuação destacada na defesa dos direitos das mulheres. Escreve semanalmente para o portal Dokimasia, onde aborda temas relacionados à justiça, equidade e defesa dos direitos fundamentais.