21/12/2024

Crise humanitária no Sudão pede ação imediata em 2024

O subsecretário-geral para Assuntos Humanitários e coordenador de Ajuda de Emergência da ONU, Martin Griffiths, destacou que quase nove meses de guerra levaram o Sudão a “uma espiral descendente” que se agrava a cada dia.

Ele adicionou que, à medida que o conflito se espalha, o sofrimento se aprofunda e o acesso humanitário diminui. Desde 15 de abril do ano passado, o país vive combates entre integrantes do Exército e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido, RSF.

Deslocamento em massa

Para Griffiths, a situação deve ser contida e a comunidade internacional, especialmente aqueles com influência, deve tomar medidas decisivas e imediatas para “interromper os combates e proteger as operações humanitárias”.

Griffiths alertou que mais de 500 mil pessoas fugiram dos combates em Aj Jazirah, há muito um refúgio para aqueles deslocados por confrontos em outros lugares. O contínuo deslocamento em massa também pode alimentar a rápida disseminação de um surto de cólera no estado, com mais de 1,8 mil casos suspeitos relatados até agora.

O chefe de Assuntos Humanitários alertou que os abusos “horríveis que têm definido a guerra” se espalhou para outros pontos críticos do Sudão. Para ele, os relatos de violações generalizadas dos direitos humanos, incluindo violência sexual, são um lembrete que as partes envolvidas não estão protegendo os civis.

Saques ao suprimento humanitário

Griffiths expressou sérias preocupações sobre a conformidade das partes com o direito internacional humanitário. Ele cita a importância de Wad Medani como um centro de operações de ajuda.

Para ele, os combates na região e o saque de armazéns e suprimentos humanitários são um golpe nos esforços para fornecer alimentos, água, cuidados de saúde e outros auxílios essenciais.

25 milhões de pessoas

Segundo o subsecretário-geral, em todo o Sudão, quase 25 milhões de pessoas precisarão de assistência humanitária em 2024.

Ele adiciona que “a triste realidade” é que a intensificação da violência colocando a maioria além do alcance humanitário.

Griffiths afirma que as entregas através de linhas de conflito pararam. Mesmo com a operação de ajuda transfronteiriça do Chade servindo como um salva-vidas para as pessoas em Darfur, os esforços para entregar ajuda em outras regiões estão cada vez mais ameaçados.

Ele alerta que a violência crescente no Sudão também está colocando em risco a estabilidade regional. A guerra desencadeou a maior crise de deslocamento do mundo, com mais de 7 milhões na situação, sendo que 1,4 milhão cruzaram as fronteiras para países vizinhos que já abrigam grandes populações de refugiados.

Para o subsecretário-geral, 2023 foi um ano de sofrimento para o Sudão. “Em 2024, as partes envolvidas no conflito devem fazer três coisas para encerrá-lo: proteger civis, facilitar o acesso humanitário e interromper os combates – imediatamente”, conclui.